Você já ouviu falar em anorexia ou em bulimia, certo? Algumas pessoas pensam: "Eu já sei o que é", "Não me preocupo, nunca vou ter essas doenças". Mas, isso é um completo engano. Todos nós podemos ter anorexia ou bulimia, não importa a idade ou o sexo da pessoa. Conheça agora um pouco mais sobre essas doenças!
Anorexia: realidade de muitos adolescentes hoje em dia. |
Cerca de 2% da população sofre de anorexia, na mesma quantidade entre os homens e mulheres até a puberdade, depois tem mais mulheres que homens, 10 mulheres a cada 1 homem. A anorexia é um distúrbio alimentar causado pela pouca ingestão de alimentos e obsessão pela magreza. As pessoas que sofrem dessa doença muitas vezes utilizam dietas bizarras, abusam de exercícios e outros métodos para perderem peso.
A causa principal dessa doença ainda é desconhecida pela medicina. Não se sabe se os fatores envolvidos são genéticos, psicossociais e/ou sócio-culturais.
Os
fatores de risco para a anorexia incluem:
- Busca pela perfeição
ou foco exagerado em regras;
- Ser muito preocupado ou dar muita atenção ao peso e à
forma;
- Problemas de alimentação quando bebê
ou na primeira infância;
- Determinadas ideias sociais ou culturais sobre saúde e beleza;
- Autoimagem negativa;
- Transtorno de ansiedade quando criança;
"Não obrigado, estou de dieta hoje." |
A
anorexia normalmente é
mais comum em mulheres na adolescência
ou início da fase adulta (entre 14 e 20
anos), mas pode ser visto em homens. O distúrbio é
visto principalmente em mulheres brancas com escolaridade alta e que têm família
ou personalidade focada em objetivos.
O
reconhecimento desse distúrbio
pode ser observado em alguns comportamentos: reduzir a quantidade de comida,
pular algumas refeições,
abuso de exercícios, vômitos, medo exagerado de ganhar peso e baixa autoestima.
As
consequências no adolescente são a deficiência
de crescimento e atraso na puberdade que e arrastar esse quadro, pode levar a um adulto de baixa
estatura e com dificuldades na fertilidade. A falta do cálcio na adolescência
pode causar osteoporose no
futuro, pois é nessa fase que nossos ossos adquirem o
pico de densidade mineral.
"Não coma..." |
Nem sempre a perda de peso é por
causa da anorexia. Ela pode ser confundida com Doença de
Addison, Doença celíaca e Doença
inflamatória intestinal, que são doenças
cujos sintomas são bem parecidos com o da
anorexia. Não adianta tratar somente o físico se a família
não sabe lidar com o problema. Por isso
que a participação
da família é indispensável
no tratamento e na terapia, para entenderem como lidar com o filho portador de
distúrbio alimentar, e muitas vezes isso
traz ótimos resultados ao longo do
tratamento. Aproximadamente 40% dos anoréxicos se recuperam completamente, 35% melhoram bastante, mas
continuam com alguma característica
da doença, 20% sofrem de doença crônica
e severa e 5% morrem.
Até famosos já
sofreram ou sofrem de distúrbios
alimentares, exemplo Lady Gaga.
A
cantora norte-americana Lady Gaga sofreu críticas por está
acima do peso, e publicou fotos seminuas com a legenda: "Luto contra a
bulimia e anorexia desde os 15 anos".Ela também confessou que, até hoje, está
na luta contra a anorexia e bulimia.”
Ela vem tentando aconselhar as pessoas que não estão
bem com o seu corpo através
de mensagens em seu Twitter. “Para
todas as garotas que pensam que são
feias porque não usam um manequim 36: vocês que são
as bonitas”. É a sociedade que é
feia.
“Agradeço a todos os meus fãs que me amam de verdade e que sabem o verdadeiro
significado das palavras beleza e compaixão. Eu realmente amo vocês.”
Vocês já
viram um depoimento de uma famosa, agora vamos disponibilizar um depoimento de
uma garota que teve anorexia. Confira o depoimento:
Depoimento
de uma modelo - (C.D. 19 anos, modelo internacional)
“Em Paris um estilista disse que eu
estava uma baleia. Tenho 1,76 m e peso 52 kg. Sozinha, acreditei naquilo e,
embora trabalhasse bastante, achava que se engordasse teria acabado minha
carreira de modelo. Comecei a fazer tudo que me falavam para emagrecer. Jejum,
remédios, pensei até em usar drogas. Tomava laxantes e cheguei a jejuar por dois
dias seguidos. Aí
eu não aguentava e mandava ver: comia o que
vinha pela frente. Vinha o arrependimento, a tristeza e o descontrole. Não sabia mais o que era normal. Comecei a perder peso e
quando voltei ao Brasil, minha família
e a Agência se escandalizaram. Fiquei louca da
vida e continuei utilizando meus métodos.
Quando meu namorado me convidava para sair ficava louca:” será
que este cara não
vê que eu preciso emagrecer?“Acabei desmanchando o namoro. Amigas? Nem pensar! O medo de
comer me fazia calcular todos os itens de calorias dos alimentos. Cheguei a
comer algodão com água para não
sentir fome. Minha pele estava amarelada, as palmas da mão alaranjadas, meu cabelo caia e eu me sentia deprimida. Não pegava trabalho de jeito nenhum e achava que era porque
estava gorda! Um dia tive uma sensação
terrível, o peito parecia que iria estourar,
o coração saia pela boca, sentia-me
enformigada, arrepiada e achei que iria morrer. Corri para o Pronto Socorro e lá disseram que não
era nada. Mas como, se eu sentia tudo aquilo! Consultei o Dr. Tommaso e fiquei
sabendo que tinha “PÂNICO”.
Era como ele disse um ataque de pânico.
Uma sensação tão aterrorizante que me mantinha com muito medo! Aí comecei o tratamento e percebi que estava num estado quase
anoréxico. Felizmente, após muita perseverança,
voltei à vida normal. Fico a maior parte do
tempo fora do Brasil, mas quando venho faço um programa intensivo da parte psicológica. Qualquer ideia do tipo “estou gorda”
comunico ao Dr. Tommaso.”
Nós vamos disponibilizar uma entrevista com mais detalhes sobre essa doença. Nós
entrevistamos a Dayanna
Joyce
de Natal-RN
(24),
é nutricionista e trabalha como
residente multiprofissional em assistência materno infantil na UFRN. Confira nosso bate-papo com a ela:
Sem
Sentido: O
que é anorexia?
Dayanna:
A
anorexia é um distúrbio alimentar caracterizado pela extrema perda
de peso, distorção de imagem corporal e por um medo exagerado de ganhar peso que ocasiona comportamento alimentares restritivos.
de peso, distorção de imagem corporal e por um medo exagerado de ganhar peso que ocasiona comportamento alimentares restritivos.
Sem
Sentido: Quais
os fatores principais que leva o paciente a ter anorexia?
Dayanna:
Não existe uma causa especifica, o paciente é multifatorial envolvendo fatores biológicos, psicológicos
e socioculturais. A busca incessante pela perfeição corporal que é
tão pregada hoje pela mídia e problemas associados com alimentação durante a primeira infância pode influenciar no inicio dos sintomas.
Sem
Sentido: Quais
as características dessa doença?
Dayanna:
As
principais características
são a rejeição alimentar; perda progressiva de peso; a preocupação exagerada com a imagem corporal e com o ganho de peso; alguns
pacientes podem realizar exercícios
exaustivamente;pode haver o uso abusivo de laxante e o vômito induzindo na tentativa de eliminar o que ingeriu.
Sem
Sentido: Como
é feito o tratamento?
Dayanna:
O
tratamento é realizado de forma multiprofissional,
com o acompanhamento médico,
psicológico e nutricional.
Sem
Sentido: Quais
as consequências físicas e psicológicas
que normalmente o paciente enfrenta?
Dayanna:
Os
distúrbios alimentares como anorexia apesar
de serem classificados como uma doença
psiquiátrica está associada a complicações clinicas. As principais complicações são:
a desnutrição protéico calórica,
problemas cardiovasculares, problemas ósseos como a osteopenia que é a diminuição
da densidade mineral óssea,
problemas hormonais, prejuízo
no crescimento e desenvolvimento e podem, dependendo da gravidade, levar a óbito.
Sem
Sentido: Como
um pai deve reagir ao descobrir que a (o) sua (seu) filha (o) tem anorexia?
Dayanna:
A
família ao identificar os sintomas característicos na doença
deve procurar o profissional médico
o mais rápido possível e associado a isso é de fundamental importância o apoio familiar, eles devem estar envolvidos em todas
as fases do tratamento motivando seus filhos e evitando recriminá-los ou obrigá-los
a cumprir o tratamento, devem compreender e respeitar o progresso individual do
seu filho.
Bulimia:
Muitas
pessoas acham que a bulimia e a mesma coisa da anorexia, mas não é
bem assim. As duas têm
a ver com transtornos alimentares, mas acontecem numa forma bem diferente. Vamos descobrir como?
A
bulimia é um “Transtorno alimentar classificado como doença mental”
afirma o especialista Marco
Antonio De Tommaso - psicólogo
e membro da Associação
Brasileira para Estudos sobre a Obesidade.Quando alguém ingere grandes quantidades de comida numa pequena duração de tempo e se sente culpada por isso, fazendo recorrer a
medicamentos como laxantes e diuréticos,
vômitos forçados e exercícios
físicos exagerados que vão alem do recomendado, que podem causar graves problemas de
saúde.
Os sintomas da bulimia são vários,
mas na maior parte das pessoas que sofrem com esse transtorno, o vômito,
em excesso, pode causar problemas no esôfago,
pois, nele contem o ácido gástrico,
que pode causar graves danos, muitas vezes, irreversíveis.
Outro problema causado por ele é
quando além da comida, sai o suco
digestivo, um líquido
produzido pelo corpo para fazer a digestão de
alimentos, mas para produzi-lo se exige grande quantidade de água,
vitaminas e sais minerais, fazendo que a pessoa tenha uma desidratação e
desnutrição, além de cáries,
inflamações na garganta e morte.
A
doença atinge mais os adolescentes,
principalmente mulheres e os jovens adultos, que na maioria das vezes tem como
desejo de ter o “corpo
perfeito”. Os adolescentes mais atingidos tem
normalmente autoestima baixa, são
inseguros quanto ao seu corpo e sua beleza, e muitos por serem inseguros, ou
por não serem aceitos totalmente pela
sociedade, focam em emagrecer o corpo a ponto de deixa-lo “aceitável”.
Todos sempre têm esse
objetivo: conseguir um corpo magro e esbelto, que é
considerado pelos jovens o “corpo
perfeito”, que na maioria das
vezes, mesmo cientes do perigo e os problemas causados na saúde,
continuam a procurar meios fáceis
de perder peso, sem se importar com a morte, como uma jovem adolescente anônima,
que fez o seguinte comentário: “Prefiro morrer magra a viver gorda”.
O
tratamento envolve seções
de psicoterapias, psicanálise,
a terapia cognitivo-comportamental, terapias de grupo, grupos de autoajuda,
psicoterapias individuais, e também,
os medicamentos como antidepressivos, onde vão convencer o paciente de que ele não precisa deixar de se alimentar, tomar medicamentos para
retirar a comida do corpo, vomitar ou qualquer outra coisa que leve a purgar
sua comida, mas um fator que pode prejudicar e levar o paciente a ter uma recaída, é
a própria família. Normalmente
pessoas com bulimia têm
tendência a não comer na frente de outras pessoas, dando desculpas como não estar com fome, ela pode apresentar sintomas da desnutrição gerados pela falta de vitaminas contidas nos alimentos que
a pessoa não ingeriu, se ela ou ele costumavam ser
sociáveis e comunicativos haverá uma ausência
de sociabilidade, essa pessoa vai estar com uma baixa autoestima, entre outros
fatores.
Ate
os famosos são atingidos pelos distúrbios alimentares, um exemplo, é a Nicole Scherzinger.
Nicole Scherzinger foi bulímica
durante anos. A ex-integrante do grupo The PussycatDolls contou que lutou
durante oito anos contra a bulimia. “Eu me
odiava. Tinha muito nojo de mim mesma e me sentia muito envergonhada. Eu me
sentia sozinha. Estava em um grupo, mas nunca me senti
tão sozinha na minha vida”.
Nicole
aproveitava qualquer momento longe das companheiras para extravasar seus
transtornos. “Quando eu saia do palco eu estava tão animada e voltava para o meu quarto e estava sozinha. Então, eu fazia essas coisas. Minha bulimia era meu vício, me machucar era meu vício”.
Ela
continuou contando como a bulimia e o hábito machucar a si mesma tornou-se uma grande parte de sua
vida: “Eu fiz isso todos os dias durante anos.
Toda a vez que eu ficava um segundo sozinha, eu fazia algo comigo mesma. Eu
tinha bolhas e cicatrizes nas mãos
que tentava esconder. Acho
que as garotas (outras integrantes do grupo) sabiam”.
Vamos
disponibilizar um depoimento sobre um pai que tem uma filha que sofria com
bulimia. Vamos ver o que ele tem a falar sobre essa sensação:
Depoimento
de Pai Anônimo:
Sou pai de uma moça
de 18 anos que sofre de Bulimia, e gostaria de alertar as pessoas que pensam em
usar deste artifício para emagrecer, que as consequências
são danos físicos e psicológicos
de difícil tratamento. È angustiante para a pessoa em si, e
toda a família, mas é
possível ser tratado, deve haver: amor, compreensão,
carinho de toda a família, acompanhamento médico
profissional, e o mais importante: "vontade de parar com este hábito”.A
minha filha nos procurou e relatou o problema. Tem
sido muito difícil vê-la
sofrendo angustiada, chora muito, deseja sempre a nossa companhia solicitando
que nós a vigiemos. Parte-me o coração
saber que esta doença afeta um número
grande de jovens, e o pior, que muitos são
discriminados e incompreendidos pela família
e também pelos amigos. O tratamento é
longo, mas funciona. Gostaria de dizer que a bulimia parece um caminho fácil
para resolver o problema do excesso de peso ou até
mesmo a busca do peso ideal, mas lembro "que o caminho que parece ser o
mais fácil nunca é o melhor caminho", e com certeza
a bulimia é um caminho onde o retorno é
possível, mas difícil e requer muita determinação
e que todos, reafirmo, "todos", amigos, familiares, equipe médica
e sociedade estão ligados ao problema e fazem parte do
processo de cura. Muito obrigado e não esqueçam
que se você quiser você
consegue.
A equipe Sem Sentido entrevistou uma garota chamada Letícia, que tem 14 anos e já sofreu bulimia e anorexia. Ela nos contou como foi essa
experiencia para ela. Confira logo abaixo:
Sem
Sentido: Quais
foram às consequências físicas
e psicológicas pra você?
Letícia: Eu emagreci muito e percebi que as pessoas falavam que eu
estava muito magra... No inicio ninguém
sabia o motivo. Só
viam que eu estava mudando, mas eu me sentia muito bem!
Sem
Sentido: Você se olhava no espelho, e via o quê?
Letícia: via uma garota gorda, obesa!
Sem
Sentido: Quais
as principais dificuldades que você
sentia com a doença?
Letícia: Por mais que eu soubesse o que eu tinha, eu não aceitava que ninguém viesse me ajudar. Eu não queria que ninguém
atrapalhasse... Afinal, foi uma escolha minha!
Sem
Sentido: Como
descobriu que estava doente?
Letícia: Eu comecei a fazer pesquisas na internet, e descobri.
Sem
Sentido: O
quê você pensava? Como se sentia?
Letícia: Eu me sentia muito bem, pois eu estava adorando emagrecer!
Sem
Sentido: Até quantos quilos você chegou a perder?
Letícia: Mais de 10 kg.
Sem
Sentido: Você poderia comentar um pouco sobre sua história?
Letícia: Claro. A doença
começou quando eu tinha 11 anos. Comecei com
a anorexia, depois passei para a bulimia. Eu estava vendo os resultados e cada
vez mais me satisfazia... Chegou um dia que minha mãe descobriu e resolveu me levar no médico. Então,
a médica conversou comigo, e disse que o
que eu fazia para perder peso poderia trazer várias consequências,
mas eu nem dei ouvidos e continuei... Não estava nem aí
para nada nem ninguém,
só queria me sentir cada vez melhor... E
hoje em dia ainda tenho algumas recaídas...
Referências:
Reportagem bem interessante e que pode ajudar à inúmeras vítimas. Parabéns e um grande abraço de sua professora, que está bem orgulhosa!
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